Colunas

1 10/12/2019 18:13

Neste fim de ano bateu a saudade e decidi tirar uma temporada de férias (mesmo sem fazer nada) e decidi visitar os filhos e netos em Joinville (Santa Catarina) e Ponta Grossa (Paraná). Com muito prazer assisti ao evento de conclusão do 2º grau do meu neto João Pedro, que vai cursar direito em 2020, e aproveitei para acompanhar a fase escolar das netas Marina e Laura, em Ponta Grossa.

Como não poderia deixar de ser, acompanho elas na ida e volta às escolas, deixando-as no interior do colégio, onde são recebidas pelos corpos docentes dos dois estabelecimentos de ensino. São recebidas com gentilezas, higienizam suas mãos com álcool gel e ingressam para o restaurante de cada uma das escolas, onde tomarão um farto café da manhã.

Cumprem período letivo integral – manhã e tarde – e nesse tempo os alunos da Educação Infantil recebem alimentação quatro vezes por dia e o Fundamental I, três vezes, com um cardápio que inclui frutas, verduras e legumes. Cada um dos alunos da rede municipal também recebem todo o uniforme escolar, inclusive a mochila e os livros didáticos. Até aí, nada demais, se essa fosse a prática em todas as escolas desse imenso Brasil.

O que me causa estranheza é que, apesar de estar consagrada na nossa Constituição Federal, nem todos são iguais perante a lei, recebendo tratamento totalmente díspares nos vários municípios brasileiros. Aos municípios são destinados recursos iguais, cujos quantitativos têm por base o número de alunos matriculados, destinados ao ensino e a alimentação (merenda), dentre outros itens inerentes à educação.

Fiquei bastante feliz com a condução da Educação no município paranaense de Ponta Grossa, onde acompanhei – pari e passu –, nessas duas escolas o nível de tratamento dispensado aos alunos. No entanto, ao me lembrar de Canavieiras, onde vivo, fico bastante triste, por verificar que as nossas crianças, que até anos passados eram vistos e tidos como o futuro do Brasil.

Em Canavieiras, infelizmente, são tratados como pessoas de outra categoria – inferior, a bem da verdade –, pois não fazem jus às mesmas condições oferecidas em Ponta Grossa, apesar de terem os mesmos direitos, conferidos na legislação. As duas prefeituras recebem os mesmos recursos – proporcionalmente ao número de alunos –, mas que não têm a mesma destinação.

E essa diferença fica patente na falta de interesse de alguns políticos com a educação, a exemplo de Canavieiras. Todos lembram dos altos e baixos da educação, cujas denúncias do descaso eram bastante frequentes, desde ao cardápio da alimentação servida, muitas vezes apenas alguns biscoitos, transporte escolar sem qualquer dignidade no interior, ou a qualidade duvidosa de ensino.

Se faltavam recursos para a aplicação na educação escolar, eram pródigas as comemorações realizadas pela Secretaria da Educação para o deleite dos funcionários, verdadeiros banquetes. Ora, para que educar a juventude, pois virão a ser as pessoas formadas e informadas num futuro próximo, transformando-os em cidadãos que não mais corroborarão com o tratamento que receberam?

Felizmente, a prática não deu certo e a Secretaria da Educação passou por transformações com a troca de comando. De pronto, os recursos passaram a disponibilizados no atendimento das áreas adequadas, priorizadas necessidades das áreas pedagógicas, de custeio das atividades, logísticas e de infraestrutura, sem que fosse preciso qualquer tipo de milagre, como fez Jesus Cristo ao transformar a água em vinho.

A mudança de comportamento – a multiplicação dos pães e dos peixes – se deu na forma de planejamento, sem grandes festejos, o que por certo sobrou recursos suficientes para a aquisição da alimentação escolar, equipamentos, reformas e, sobretudo, para as práticas pedagógicas. Mas como tudo o que é bom dura pouco, eis que o prefeito não gostou das mudanças repentinas e exonerou o secretário.

Decerto o secretário não aceitou participar do bloco da turma palaciana, cheia de elogios fáceis e vivas ao prefeito, que deve ter estranhado não ser mais convidado para as festinhas da turma da educação. Talvez o nosso alcaide não tenha se acostumado a ter que ir às escolas apreciar as boas novas, ou quem sabe não goste de encontros simples com alunos e professores.

O que estava dando certo foi interrompido e esperamos que não sofra solução de continuidade, para que a educação em Canavieiras, terra de tantos professores bons, formadores de profissionais atuando na cidade e Brasil afora. Atuar na educação é um sacerdócio por repassar conhecimento, trabalhar com o consciente de pessoas, formar cidadãos para o mundo e não apenas eleitores de cabresto.

Esse é o grande problema de determinados políticos, pois a educação bate de frente com suas ideias atrasadas, ainda dos tempos de antão.

* Radialista, jornalista e advogado.


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 Penso Assim - por Walmir Rosário 






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