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1 09/10/2019 15:13

Em um dos benefícios, homem alegava ser incapacitado de trabalhar por ter câncer; filhos do suspeito também recebiam proventos falsos. Dois comparsas foram presos.

O homem que foi preso e identificado pela Polícia Federal como o maior fraudador do INSS na Bahia, nos últimos 40 anos, recebia seis benefícios diferentes, todos falsos, e gerou sozinho um prejuízo de R$ 2 milhões aos cofres públicos. Ele era o chefe da quadrilha alvo da Operação Caduceu, que cumpriu mandados no estado nesta quarta-feira (9).

De acordo com o delegado da PF, Breno Diniz, cinco dos seis benefícios tinham nomes falsos, enquanto em um deles o suspeito alegava ser incapacitado de trabalhar por ter câncer.

O homem, que foi preso no bairro da Barra nesta manhã, não teve nome divulgado pela PF. Só em Salvador, ele já responde a 15 processos penais pelos crimes relacionados à fraude do INSS, desde a década de 80, e inclusive já havia sido preso outras vezes. A Polícia Federal constatou que ele fraudou pelo menos 140 benefícios, número que pode aumentar à medida que as investigações avancem.

O coordenador-geral de Inteligência Previdenciária e Trabalhista do INSS, Marcelo Henrique de Avila, informou que os proveitos mais antigos recebidos por ele eram dos anos de 2011 e 2012, e que os valores mensais de recebimentos chegavam a R$ 20 mil, benefícios próximos ao teto pago pelo INSS.

O delegado Breno Diniz disse ainda que os dois filhos do suspeito também recebiam benefícios falsos por afastamento por doença, também com alegação de câncer. A PF não detalhou quantos benefícios, nem quais os valores recebidos por eles.

Ao todo, a PF na Bahia cumpriu cinco dos 15 mandados expedidos nesta quarta-feira: os três de prisão preventiva e dois de busca e apreensão. Os dois comparsas do chefe da quadrilha foram presos nos bairros do Centro e Brotas.

Um deles era responsável pelo serviço de contabilidade da quadrilha, enquanto o outro produzia os laudos médicos falsos.

A polícia não divulgou as identidades dos presos, mas informou que apreendeu mídias com documentos, equipamentos utilizados para confecção de relatórios médicos, carimbos e documentos usados pra comprovar os vínculos falsos.

Fraude identificada

O coordenador-geral de Inteligência Previdenciária e Trabalhista do INSS disse que as situações foram identificadas a partir de análises de benefícios de baianos, que eram pedidos em Sergipe.

"Esses benefícios eram requeridos por pessoas residentes em Salvador e região metropolitana. Notamos o padrão porque eram muitas pessoas que iam para lá [Aracaju] solicitar a aposentadoria por invalidez e auxílio doença. A partir da análise de processos, identificamos o mesmo padrão, o que levou ao indício de fraude", explicou Marcelo Henrique de Avila.

Parte desses processos eram afastamento por acidentes de trabalho, a partir de vínculos de trabalhos com empresas falsas. Outra parte era com base em atestados falsos de benefícios por auxílio-doença e incapacidade.

Marcelo Henrique de Avila detalhou ainda que a suspensão dos benefícios falsos, a partir das identificações, geram uma economia de R$ 11 milhões que seriam pagos às fraudes. O próximo passo do INSS é o cancelamento desses benefícios.

Depois que o INSS constatou os indícios de fraude, os casos foram levados para a Polícia Federal. O delegado da PF Breno Diniz contou que as investigações apontaram que os benefícios eram sempre relacionados às mesmas empresas falsas.

Com isso, a polícia identificou o técnico em contabilidade que participava da ação, e por fim chegou ao chefe da quadrilha. A PF investiga agora as participações de um médico e de um servidor aposentado do INSS de Sergipe, que passava informações privilegiadas e praticava atos de improbidade administrativa, como adiar perícias para que beneficiários falsos continuassem recebendo o dinheiro.

Os três presos vão responder por organização criminosa, estelionato previdenciário, uso de documento falso, falsidade ideológica e falsificação de documento público. No caso do servidor do INSS, caso seja comprovada a participação, ele vai responder na área criminal e administrativa, podendo perder a aposentadoria.

Ainda segundo a Polícia Federal, os beneficiários que cometeram crime também responderão por estelionato. A polícia seguirá com a investigação a partir dos novos documentos apreendidos e, com o fechamento do inquérito, o processo será encaminhado para a Justiça e ao Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA).

 

 

 

 

 

*G1/BA







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